Blog Andando por Aí

O pinheiro-careca

 Careca2

Quem passar pela frente do Parque do Palácio, neste início de outono, poderá observar que ali perto da cerca frontal, refeita recentemente, existem algumas árvores vermelhas se destacando contra o céu azul e o verde das matas ao fundo. Parece, à primeira vista, que morreram e suas folhas estão secando e caindo. De fato, elas perdem as folhas no inverno, coisa rara entre este grupo de plantas a qual a nossa araucária faz parte, mas não por senescência ou alguma moléstia da árvore, e sim pelas características incomuns desta espécie de pinheiro.

Buscando a janta

Cogumelo3

Final de semana passado, 6 de maio, a chuva deu uma trégua aqui por Canela e região, depois de vários dias com cerração, aguaceiro e muita umidade no ar e na terra. É outono e nesta época existem alguns gatilhos climáticos que despertam os cogumelos silvestres, sendo a umidade alta e a temperatura amena alguns deles. Com a trégua da chuva, resolvi campear uns cogumelos para o jantar de sábado à noite e peguei rumo em direção a uns matos da região. Depois de encara umas estradas com muita lama, água e buracos, cheguei num lugar que considerei apropriado e logo vi uma quantidade grande de algumas espécies que não eram comestíveis, mas me sinalizavam que a safra podia ser boa. Segui com meu bastão de taquara e o cesto de cipó trançado, que comprei de uns índios numa viagem anterior e logo encontrei alguns daqueles que procurava – o portini. Quem gosta de cogumelos silvestres sabe que este é o filé mignon dos fungos, ou talvez o entrecot, dependendo do gosto do vivente.

Dia de cerração

 

Cerração1

É frequente, aqui em Canela na Serra Gaúcha, o fenômeno da cerração que branqueia e molha tudo, diminuindo a visibilidade, aborrecendo os locais e encantando os de fora. Ela é formada pelo choque da massa de ar quente e úmido vindo de locais baixos dos Vales do Paranhãna e do Quilombo, que sobem pelos paredões do Laje de Pedra e condensam a água devido a diferença de temperatura do ar mais frio encontrado aqui na serra. O resultado é este manto branco encantador ou sinistro, dependendo de quem o observa.

A silagem e a história do homem

Silagem3Milho sendo moído e armazenado na carreta, sob o comando do Pablo

 Os grupos humanos primitivos trocavam permanentemente de local de moradia, sempre andando em busca de alimento, sejam frutas, sementes, raízes ou caça. Eles tinham que, literalmente, seguir a comida aprendendo assim as épocas e locais de maturação e os comportamentos de deslocamentos dos animais de caça. Era a típica vida nômade, que caracterizou a humanidade no seu início. Há cerca de dez ou doze mil anos atrás, alguns grupos começaram domesticar alguns animais, como o gado, ovelhas e cavalos, ao invés de sempre seguir as manadas e algumas plantas importantes, como o trigo, milho e o arroz, foram cultivadas e melhoradas. Isto fixou o Homem num lugar e assim nasceram a agricultura e a pecuária. Este processo foi lento e exigiu muitos conhecimentos e descobertas, sendo que a forma de armazenar grãos e carnes para consumo futuro talvez tenha sido um dos mais importantes, o que permitiu a fixação e grupos num mesmo local o ano todo e, no decorrer do tempo, foi o embrião de vilas, cidades e impérios.

A cor do outono

outono2A cor dourada do campoe e a verde escura das araucárias

 Esta semana peguei o rumo da Estância Tio Tonho, em São José dos Ausentes. Estava há muito sem vir para este pago tão querido e rever meus amigos e a paisagem. Vi que a Estância está crescendo e novas instalações estão em andamento e logo um novo salão de refeições será entregue aos hóspedes, aumentando ainda mais o conforto da visita a este lugar especial.

Na estrada para cá fui fisgado pela cor da paisagem que me fez parar para fruição e deleite do campo nesta época do ano. O dourado das hastes do capim-caninha domina a paisagem imprimindo uma suave ilusão de um mar que balança suas águas assopradas pela brisa e as coxilhas parecendo ondas que irão arrebentar e se derramar sobre mim, sem espuma.

Sabor de vertente

vertente2Vertente de campo, uma preciosidade 

Quem já bebeu uma água de vertente, daquela que brota das pedras no meio do campo ou numa dobra de mata na sombra e com a temperatura ideal, fresca, cristalina, que aplaca a sede e deixa um retrogosto de natureza, de algo ancestral, sabe do que falo. Estas vertentes puras estão cada vez mais difíceis de serem encontradas, não por não existirem, mas porque não confio mais na maioria delas devido à proximidade de centros urbanos, lavouras ou outras fontes poluidoras que, hoje, são muitas e discretas.

Jardins gaudérios

Jardim2Flor de corda-de-viola

Andando pelas ruas de Canela neste início de outono, presto atenção naqueles terrenos baldios que, a cada ano, são mais raros. Mesmo assim ainda tem alguns por aqui, por ali e que fazem a festa das plantas nativas ou exóticas que por eles se espalham ao gosto de suas adaptações. Um jardim feito pelo homem tem regras, simetrias, distribuição estudada de plantas que florescem e fenecem em tempos estabelecidos, tudo para criar o belo, o atraente, o diferente que deve encantar o dono da casa ou do condomínio em questão.

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