Blog Andando por Aí

Eu sou a pedra

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Sou dura e fria, mas já fui mole e quente. Vivo aqui, na serra gaúcha, e me chamo basalto ou pedra-ferro. Vim do interior da terra, lá onde o calor é tanto que tudo se derrete e se mistura num caldo vermelho, fumegante e inquieto. Num tempo passado, há muito ocorrido, a pressão aumentou tanto que sai em forma de jatos e de caudais, parecendo rios de fogo, escorrendo e queimando tudo que via pela frente. Andei, me espalhei até resfriar um pouco para que ficasse mais sólida, e parei até endurecer totalmente. Isto levou bastante tempo, o suficiente para que meus cristais se unissem e me tornasse forte o suficiente para atravessar os tempos. Para mim, milhares de anos não significam nada, pois sei que minha idade é de aproximadamente 170 milhões de anos.

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Em Canela, estou por todos os locais, ora nas fachadas de prédios, ora nas vias e calçadas. Também estou espalhada por todo o subsolo da cidade, dando firmeza para os alicerces de grandes prédios erguidos por aqui. Causo transtornos quando é preciso ser aberta uma vala para passagem de canos, fios ou para servir de garagem subterrânea para edifícios, exigindo que usem dinamites para abrir espaço em meu corpo sólido. Tenho orgulho de servir de material para diversos usos, já que, para isso, tenho de ser retirada    do escuro, cortada e colocada ao sol. Partem-me em pedaços regulares, ou não, criando obras de arte que enfeitam igrejas, muros, ruas e passeios. Também me colocam em mil partes para servir de base para as estradas, dando maior durabilidade e segurança aos usuários.

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Atualmente, poucos me utilizam com a arte que havia há tempos atrás. Quem me olha, na igreja ou na Casa de Pedra, percebe o habilidoso trabalho artesanal feito ao me recortarem com capricho para bem me encaixarem, formando um belo conjunto. Muramentos antigos tiveram o mesmo procedimento, quando partes grandes e pequenas foram assentados formando um todo harmônico que até hoje encanta. Tenho alguns parceiros, que gostam de viverem grudados em mim, como os curiosos líquens que vão chegando, crescendo e me escondendo do sol e do frio. Parecem manchas de tinta de um pintor abstrato que acabam me deixando ainda mais bonita e sintonizada com o ambiente. Por alguma fresta esquecida, plantas aparecem para absorverem a luz e crescerem, tornando-me vistosa e atraente. Desta forma, deixo de ser apenas uma pedra dura e fria para me transformar em uma obra de arte, e ser enfeitada por simpáticos seres vivos, que quebram a minha dureza e suavizam minha frieza.

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