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O paradoxo do pinus

 

O paradoxo do pinus

Quase todos conhecem o pinus, este pinheiro exótico introduzido na nossa região para substituir as exauridas florestas de araucárias, que tem a desvantagem de apresentar um crescimento mais lento, mas com a vantagem de fornecer uma madeira melhor, além do pinhão. As florestas de pinus nunca, ou quase nunca, são pequenas e assim cobrem grandes extensões do outrora campo nativo, alterando radicalmente o ecossistema original pelo sombreamento e disputa pelos nutrientes do solo. Passadas muitas décadas da sua introdução, é possível encontrar alguma beleza em seu monótono e monocromático interior, quando vejo um arroio que segue calmo o seu curso e ainda abriga parte da vegetação original em suas margens. É a resistência verde que se vê em alguns poucos lugares, mostrando este paradoxo entre a monotonia da monocromia e a sinuosidade, irregularidade e alegria de um arroio com suas margens verdes no sombrio ambiente.

 

Beleza e risco

Juntamente com as sementes e mudas do pinus vieram, lá de sua região de origem - o norte do México e sul dos Estados Unidos, esporos de muitos fungos que igualmente são exóticos. Estes fungos produzem anualmente cogumelos de cores e espécies diversas, e alguns deles tem alto grau de toxicidade podendo levar a óbito, além de serem potentes alucinógenos. As amanitas da foto são exemplos de cogumelos que devem ser evitados e apenas apreciados na sua beleza colorida e composição que fazem nas bordas destas matas de pinus.

 

O rei dos cogumelos

A abundância de alguns cogumelos comestíveis no interior destas florestas chama a atenção, como no caso do porcini, um dos mais populares e saborosos cogumelos que hoje é mundialmente conhecido. O outono é a época de colheita e para aqueles que se dedicam, o resultado das buscas é confortador, além de ser uma interessante atividade de “caça ao tesouro”.

 

A beleza jovem

Um bebê amanita exibe uma beleza e um fascínio que atrai logo a atenção quando se anda pelas bordas e mesmo no interior destas matas sinistras. Poucos dias são necessários para o surgimento, crescimento e morte deste belo e perigoso cogumelo que impõe uma cor vibrante que, se desperta a atenção, também serve de alerta.

 

Abundância na safra

Em boas temporadas de anos favoráveis (umidade alta e temperaturas amenas) a colheita é farta e a quantidade é tanta que os animais já aprenderam que o porcini é comestível e com boa palatabilidade e um aroma de natureza indescritível. É frequente encontrar restos destes cogumelos consumidos a bicadas ou mordidas, mostrando que não apenas nós, mas também a fauna local já viu neles um alimento potencial.

 

Almoço garantido

Final de uma caminhada de poucas horas rende cogumelos para muitas refeições, podendo ser através de um risoto, uma omelete, recheados ou assados, salteados na manteiga e com alho. As receitas são muitas e na safra é tanta a produção que é necessário conservar o excesso, seja desidratando ao sol ou em líquidos bem temperados.

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