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A paleta de cores da Patagônia

 

 

Peninsula Valdés, onde a Patagônia encontra o oceano Atlântico

 

A Península Valdés é um local de grande cocentração de fauna maria e patagônica. 

 

Tida por monótona e hostil, plana e sem atrativos, dominada por ventos fortes e com pouca água, a Patagônia é um amplo pedaço de terra que inicia ao sul de Buenos Aires, quando acaba o Pampa, e se estende até a ilha da Terra do Fogo, no final do continente Sul Americano. Na Argentina este ambiente, com mais de 4 mil quilômetros de extensão, limita-se a leste nas costas do Oceano Atlântico e acaba, a oeste, ao pé da Cordilheira dos Andes. Planícies semiáridas, vales, desertos, savanas, rios temporários e permanentes, lagos doces e salgados, salinas e uma fauna muito particular compõem este cenário único, que ora se assemelha a uma savana africana, ora com o cerrado brasileiro.

O verde aqui é raro e quase sempre presente em beiras de rios ou fundo de vales mais úmidos, devido a maior presença da água e ao abrigo do vento. O tom é dado pelo solo em muitos lugares, e as cores diversas são emprestadas dos minerais que foram expelidos pelos vulcões no passado e mesmo no presente. Estas diversas rochas, cinzas e cascalhos compõe quadros dignos de molduras. Vários tons de vermelho, preto, areia, marrom, verde e cinzas compõe a paleta de cores daqui. O vento, grande modelador da paisagem, se encarrega de agir como um pincel sem escrúpulos e vai espalhando sedimentos e cores em camadas para lá e para cá, para cima e para baixo criando as mais interessantes abstrações.

O preto absoluto, como se carvão fosse, mostra as entranhas da terra vomitadas por vulcões em determinadas áreas. Noutras o expelido é formado por camadas de cinzas de dezenas de metros, mostrando a ira do nosso planeta em tempos passados. O azulado, em alguns poucos lugares, denuncia a presença de minério de cobre e torna a paisagem mais surreal ainda.

A vegetação assume cores do verde, passando pelo marrom até o preto. Isso mesmo, algumas plantas são negras e chamadas, por isso de “mata negra” sendo isso uma adaptação a vida neste ambiente extremo. Parece mesmo que a vegetação foi queimada.

A grande ilha da Terra do Fogo tem paisagens fantásticas, com cores e texturas que lembram um quadro. 

 

Contrastando com estas cores de flora e areia, de rochas e de vales secos e dourados, observa-se em alguns lugares grande depósitos de seixos rolados, aquelas pedras lisas e pequenas que gostamos de pegar em beiras de rios e rolá-las entre os dedos pela sua textura agradável e o tilintar do atrito entre elas. Estes depósitos gigantescos de cascalhos multicoloridos foram formados durante as glaciações em tempos remotos, quando grandes massas de gelo se deslocavam pelos vales moendo e polindo as rochas do caminho. Quando o gelo derreteu, ficaram os cascalhos multicoloridos empilhados, mostrando que vieram de rochas diferentes para enfeitar os barrancos e vales de rios do presente. A patagônia é mesmo uma terra de grandes contrastes e de belezas extremas, além de ser um local hostil a vida, exigindo de quem aqui vive ou passeia, adaptações especiais para resistir ao vento severo, a pouca água e as temperaturas baixas. As cores, alheias a estes fatores extremos, exibem-se como se imunes fossem e emprestam um pouco de matiz ao ambiente, querendo amenizar um pouco a severidade local. A paleta de cores da Patagônia desafia tudo e todos, inclusive o rei absoluto daqui: o vento.

 

Planícies sem fim se tornaram ideais para crição de rebanhos de milhares de ovelhas

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