Blog Andando por Aí

Aventura no Topo do Rio Grande - quinta parte

 

Curiosos no caminho do Monte Negro

Recentemente fiz uma caminhada leve partindo da Estância Tio Tonho até o Monte Negro. Como não gosto muito de andar por estradas, devido à falta de atrativos e pelo pavimento duro e sempre igual, fui pelo campo mesmo, contornando banhados, matas e pulando cercas. Quando divisei ao fundo o Monte Negro, depois de hora e pouco de perna, encontrei um rebanho de curiosas vacas que vieram me cheirar e conferir de perto quem era aquela figura estranha que andava por aquelas pastagens que elas dominam. Gado manso, curioso e que parece até que fizeram uma pose para a foto, tendo ao fundo o meu objetivo: o Monte Negro. Voltei por outro caminho, também pelo campo, e encontrei outros habitantes que por ali orbitam.

 

Pica-pau-do-campo no mato

Na caminhada de volta para a Estância Tio Tonho, já com o Monte Negro bem distante, entrei num capão de araucárias para conferir um alarido de pica-paus que pareciam muito alterados por algum motivo e que não era a da minha presença. Verifiquei, mas não consegui comprovar, que um bando de gralha-azul estava na área e um casal de pica-pau-do-campo muito estressado, voava de um lado a outro gritando e dando rasantes na tentativa de defender seu ninho das gralhas. É sabido que as gralhas são oportunistas e assim, como os tucanos, podem predar ninhos e se alimentarem de filhotes ou ovos de várias espécies nesta época de primavera. Quando minha presença foi detectada, as gralhas se dispersaram e os pica-paus pararam num galho de pinheiro e, parecendo em agradecimento por eu ter espantado os predadores de seu ninho, fizeram uma pose para um registro. Em seguida, sumiram.

 

Hora de sair para o campo

Na Estância Tio Tonho há um galinheiro que tem, além do propósito de abrigar as galinhas a noite e livra-las dos graxains, alberga também alguns leitões que, assim como as penosas, aguardam ansiosos pela hora em que o Afonso, proprietário da Estância, vem abrir a porta para a liberdade de mais um dia pelos arredores. Sol já mostrando a cara, milho espalhado nos cochos, soro do leite nos bebedouros e a festa está garantida. Galinhas com seus pintos para um lado, leitões para outro, galinhas maiores com seu galo para outro. Todos em seus territórios e um dia inteiro para explorarem o campo e os potreiros atrás de tudo que se mover e parecer comida. O sabor de uma omelete com os ovos destas galinhas, não tem preço. O gosto da carne dos leitões então....

 

Um rio para se banhar

O Rio Silveira nasce próximo da vila homônima a meio caminho entre a sede do município de São José dos Ausentes e a Pousada Monte Negro. Da vila ele escorre pelo vale e recebe outros tributários até chegar na região da Pousada Potreirinhos e Cachoeirão dos Rodrigues. Ali o rio se espalha em um leito de rochas negras que, quando o rio está baixo, permite belas e refrescantes caminhadas pelas suas corredeiras e baixios. Ouvir o murmúrio da água se debatendo nos degraus do leito rochoso e sentir o frio refrescante nos pés e pernas ao longo da caminhada, faz renascer aquele gosto pelos banhos de rio e o prazer que ele, e somente ele, pode proporcionar.

 

Hora da lida campeira

Visitar a Estância Tio Tonho e não conhecer o galpão onde se dá a lida com os cavalos e vacas de leite é não conhecer a totalidade do que a propriedade oferece. Levante antes das 7h e vá direto ao local da ordenha onde já se encontram, há muito, o Pablo e o Afonso atacados na tiração do leite. Logo a Dona Toninha chega com uma bandeja com as canecas de café preto recém passado onde uma a uma, vão recebendo aquele leite morno e cheiroso da última teta da última vaca. É o camargo tomando sua forma definitiva. Este é o verdadeiro sabor rural que é oferecido antes do lauto café da manhã, que pelo aroma de pão assando, já está em preparação.  

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