Blog Andando por Aí

A praça de Canela, RS

Parte da praça da cidade Canela, RS, em fase de reformulação completa

Quando viajei para a Argentina, rumo a Ushuaia, a cidade mais austral do planeta, passei por inúmeras cidades daquele país, algumas pequenas, outras medianas e outras grandes. Em todas me chamou muito a atenção a qualidade de suas praças públicas. Lugares amplos, arejados, iluminados, com muitos espaços para circulação, pavimento de bom gosto e ótima conservação, muita gente circulando e utilizando os gramados, os bancos, os sanitários, usufruindo da qualidade do microclima oferecido pela sombra das copas das árvores e da beleza das cores da vegetação ornamental.

Percebi o mesmo cuidado e dedicação aos espaços públicos em outros países que visitei, como na Austrália, Nova Zelândia, Uruguai, EUA e Chile. Agora começo a ver um movimento positivo em nossa praça que a está transformando radicalmente em um espaço mais próximo do que conheci nos outros países. A polêmica maior, pelo que vejo, está na remoção de algumas árvores que ali havia e que sabidamente estavam ou mal posicionadas, muito aglomeradas, ou infestadas de erva-de-passarinho, um parasita vegetal que gosta de se instalar em árvores exóticas que não apresentam muita resistência ao seu desenvolvimento.

Ouço, leio e vejo algumas pessoas inconformadas com esta remoção seletiva de árvores, mas digo que isso é bastante saudável para o espaço, uma vez que as árvores que estão ali agora, são a maioria delas nativas, e assim mais resistentes a erva-de-passarinho e provém de néctar e sementes alimento para a fauna. São grandes e belíssimos exemplares de cedro, ipê-da-serra, araucária, camboatá-branco, pinho-bravo e cambuim, entre outras.  Ainda restam algumas árvores doentes que deveriam ser removidas e substituídas por outras que mostrem a nossa identidade ambiental, como araucária, erva-mate, tarumã, butiá, uvaia e caneleiras.

Os novos espaços que se abriram, com um pavimento descente e muito bem feito, a grande quantidade de novos bancos à sombra das árvores, a reforma do parque infantil que está em andamento, a nova iluminação que abriu a possibilidade de utilização daquele espaço à noite e com mais segurança me remete àquelas praças que conheci e me encantei em outros lugares. Acho que, finalmente, teremos uma praça a altura de nossa cidade, com bons espaço para circulação, canteiros bem cuidados com flores de época, árvores, pracinha para crianças e muitos bancos. Isso é tudo que se quer em uma praça por que é neste espaço que se busca o que não se tem em casa. É na praça que se encontram as pessoas, onde se pode sentar e apreciar o movimento, tomar um mate à sombra, levar as crianças para brincar, ler um livro, atualizar as redes sociais, cainhar, andar de bicicleta, comer um churro, fazer um encontro de negócios, ouvir e ver pássaros e outras aves que dividem o espaço tranquilamente com as pessoas. Assim vejo uma praça e confesso que, até agora, não via a nossa muito atrativa e convidativa para ser utilizada e desfrutada. 

Vejo que há muito investimento na praça e parece que uma parte dele é de compensação ambiental de empreendimentos que estão ou foram executados na cidade. Pergunto se, com esta desenfreada corrida imobiliária que estamos assistindo, não se poderia apensar nos novos projetos de hotéis e prédios de apartamentos, uma ação permanente de investimentos no Parque do Palácio, tão carente de atenção pública? Seria simples assim: “Vais construir em Canela? Então destine a compensação ambiental para investimento no Parque do Palácio”. Certamente a Prefeitura teria recursos novos para ali investir numa infraestrutura de apoio ao visitante. Sei que não é tão simples assim, mas vejo que há diversos tipos de compensação ambiental, então por que não direcionar algum para lá? Na vizinhança do Parque começam a ser erguidos dois novos hotéis que bem poderiam ser os primeiros a participar deste formato de apoio ao espaço. Seus hospedes certamente iriam saber disso e poderiam usufruir também do local, bastando andar pouco mais de duzentos metros. Sugiro isso com forma de colaboração para que possamos ter recursos para investir nesta preciosa área verde da nossa bela cidade.

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