Blog Andando por Aí
A cor do outono
Esta semana peguei o rumo da Estância Tio Tonho, em São José dos Ausentes. Estava há muito sem vir para este pago tão querido e rever meus amigos e a paisagem. Vi que a Estância está crescendo e novas instalações estão em andamento e logo um novo salão de refeições será entregue aos hóspedes, aumentando ainda mais o conforto da visita a este lugar especial.
Na estrada para cá fui fisgado pela cor da paisagem que me fez parar para fruição e deleite do campo nesta época do ano. O dourado das hastes do capim-caninha domina a paisagem imprimindo uma suave ilusão de um mar que balança suas águas assopradas pela brisa e as coxilhas parecendo ondas que irão arrebentar e se derramar sobre mim, sem espuma.
Incrível a vastidão e paz que esta paisagem me passa, podendo eu permanecer por muito tempo aqui olhando detalhes, ouvido algum som de carancho ou seriema e cheirando alguma fragrância vinda de longe, lembrando alguma atividade humana ou passagem de um graxaim ou zorrilho ocultos pela vegetação. Sim, gosto muito do cheiro ácido do zorrilho justamente porque ele me remeter ao campo, a liberdade, ao vagar pelo imenso tapete dourado.
O tom do outono, para mim, é o melhor dentre as quatro estações, pois me oferece um quadro suave e calmo que não canso de apreciar. Os contornos das coxilhas ornados por algum capão de araucária aqui, ou ali, fazem um contraponto perfeito entre cores e formas, parecendo que o capim dourado se exibe para o verde escuro permanente das araucárias e insinua que ele, e somente ele, muda de cor ao longo do ano, como se trocasse a roupa para receber cada uma das estações. As araucárias, por sua vez, do alto de sua copa semelhante a gigantes aranhas mutantes, ficam indiferentes e apenas pensam que, quando o fogo do inverno vier, vão assistir de camarote a passagem das labaredas que acabarão com a empáfia e orgulho do capim dourado.
Mas este capim sabe que, logo na primavera, voltará com tudo e depois de esverdear, matar a fome do gado e erigir novas espigas com semente, vai novamente pintar tudo de ouro, para inveja das araucárias. Um saludo especial ao capim caninha com sua cor de outono e ao verde firme e persistente das araucárias, que agora começam oferece o pinhão. Para inveja do capim caninha.
