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Mais um inverno

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No dia 21 de junho, uma quarta feira agradável depois de uma semana fria, iniciou oficialmente mais um inverno aqui na região sul do Brasil. Este ano a estação foi antecedida de muita chuva pela da Serra Gaúcha, criando o caos em estradas e enchentes nas cidades mais baixas, perto de rios e arroios. As cachoeiras fizeram o espetáculo por triplicar ou quadruplicar seu volume de água criando cenários únicos, espetaculares, destrutivos e efêmeros que me mostra a força que uns poucos dias de chuva intensa pode provocar na natureza.

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Fim da chuva, veio o frio para mostrar a todos que quem manda por aqui é a natureza e seus fenômenos muito sentidos e pouco compreendidos. Começa o inverno já com geadas espetaculares na véspera, levando os termômetros a registrar temperaturas de até 6 graus abaixo de zero, como ocorreu em São José dos Ausentes. Tudo branco, frio e lindo e o inverno nem tinha começado.

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Gosto muito do frio e do seu espetáculo branco, seja pela geada ou pela rara neve. Caminhar no campo numa manhã fria e branca é uma sensação que me acende os receptores sensoriais e percebo o silencia da hora; o estalar das botas quebrando o gelo agarrado ao capim; vejo um bando de quero-queros se movimentado a procura de lugares ao sol; sinto o cheiro de lenha queimada que vem de alguma chaminé de fazenda; percebo o sol derretendo a geada e criando desenhos no campo, formando figuras indefinidas em marrom e branco; percebo o orvalho congelado nas cercas com as teias de aranhas parecendo adereços ali colocados para embelezar a dureza do arame farpado; noto o orvalho congelado nas folhas dos pinheiros ser lentamente derretido e a água voltando para o ar sob a forma fantasmagórica de vapores dançantes.

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Quando caminho em uma manhã fria nas ruas da minha cidade, também foco naquilo que o frio altera e embeleza a paisagem urbana. Vejo quintais brancos de gelo e alguma roupa esquecida num varal parecendo um couro rijo, frio e branco; percebo algum lugar onde o piso do passeio está congelado, criando aquela fina e perigosa camada de gelo, exigindo cautela para ali passar e não cair, uma vez que velho não pode cair; olho as pessoas que circulam, ou por estarem retornando da jornada noturna ou por estarem se dirigindo ao trabalho diurno, todas muito cobertas de todo tipo de abrigo, manta, touca e meias grossas, assim como eu; vejo num quintal um pé de bergamota com seus muitos frutos amarelos e lembro do dito popular: “a bergamota só adoça depois de uma geada”; penso que só sai num dia frio pela manhã quem muito necessita, ou quem muito gosta desta hora única, como eu. Salve o inverno 2023, que seja frio, úmido, om chuvas geladas e neve, como deve ser um inverno por aqui. Quanto mais frio e rigoroso o inverno, mais saborosa e hilariante será a primavera e o verão. Mas também sei, como todos, que quem determina frio ou calor, chuva ou seca são as leis naturais a que estamos sujeitos e que pouco conhecemos.

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