Blog Vale do Rio Silveira

Cores da primavera

Íris-do-campo

Qualquer um que ande pelos campos do Vale do Rio Silveira durante a primavera e início do verão, fica impressionado com a diversidade de flores que se mostram de todos os tipos, tamanhos, formas e cores. Parece mesmo que cada uma quer ser mais vista e apreciada, chamando a atenção para si. Elas não estão interessadas em se exibirem para nós, humanos, mas sim as diversas espécies de insetos, morcegos, pequenos roedores e aves que vem buscar seu néctar, pétalas ou outro atrativo qualquer. A única exigência que as flores fazem a estes visitantes que se deliciam com seus açúcares, é a de levarem o pólen de uma flor a outra para garantir a fecundação e a produção de frutos e sementes no próximo verão.

Lupinos amarelo

Intriga a diversidade de tamanhos e formas destas flores que se misturam com as gramas do campo ou se colocam entre frestas de pedras ou nos troncos das árvores nas margens dos capões. As petúnias roxas forram o chão de alguns lugares parecendo tapetes decorativos, juntamente com as glandulárias amarelas e vermelhas. Açucenas abrem-se na extremidade de suas longas hastes parecendo cálices frágeis que acenam ao vento para que venham beber em seus nectários. Os lupinos azuis ou amarelos, destacam-se no campo aberto e disputam com o capim o sol e visibilidade.

Lupinos azul

A dama-do-abismo, com suas delicadas flores tubulares, aguarda beija-flores e insetos exibindo sua cor vermelha parecendo lanternas que guiam os interessados que habitam os paredões rochosos da região. Orquídeas amarelas que se desenvolvem no chão e em barrancos de pedras, tornam estes locais que são secos e desafiadores, em um sítio um pouco mais interessantes e colorido. As hastes alaranjadas das batatas-de-perdiz mostram flores de uma beleza desconcertante, e desafiam a imaginação para saber se suas raízes têm ou não alguma forma de batata.

Orquíde amarela de chão. 

Nas margens das matas explodem as orquídeas vermelhas deste lugar único, como luzes sinalizando a presença a distância. Margaridas-do-campo e do banhado antecedem a floração avassaladora da maria-mole, que domina amplas áreas de campo. Aqui e ali, perto de cursos de água, discretamente emergem as dróseras, plantas carnívoras minúsculas com suas folhas vermelhas cheias de substâncias atrativas e adesivas que acabam capturando insetos mais desavisados.

Diversas dróseras, plantas carnívoras comuns em alguns ambientes 

O ciclo destas floradas são curtos e exigem muito vigor e energia por parte das plantas para garantirem a fecundação, o que dará origem a uma nova geração no verão. Assim, o campo de primavera contrasta bastante com o de inverno que o antecedeu, mostrando que as queimadas de agosto não afetaram estas plantas que, de há muito, aprenderam a se defenderem das chamas escondendo suas sementes, ou os caules com as gemas, abaixo da superfície do solo, escapando assim do fogo rápido que queima a palha seca das gramíneas.

Azedinha-vermelha 

Assim está sendo a estação das cores aqui no Vale do Rio Silveira, tão enfeitada que parece estar preparada para uma grande festa com suas alegorias multicoloridas, disputas por espaços e parceiros, ventos que transportam cheiros e pólen e todos emitindo uma energia que circula pelo ar e acaba elevando o astral dos seres que aqui vivem ou eventualmente passam por estes campos altos, como eu e minha eterna curiosidade pelos fenômenos da natureza.  

Floração intensa do cactos-bola

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