Blog Vale do Rio Silveira

Terneirada

Terrneirada no potreiro pastando e descobrindo o mundo do campo antes de reencontrar as vacas-mães

Terneiros e terneiras de poucos meses de vida estão reunidos em um potreiro de bom pasto, perto do galpão e longe das suas vacas-mães. Ali eles passam a tarde e noite caminhando, saltitando como crianças num pátio de escola, comendo alguma grama e trocando cabeçadas de brincadeiras num ensaio de futuros touros. Deitam-se, ruminam e dormem. Marrons, pretos, manchados de branco são todos crias deste inverno e primavera que se inicia agora. Como primos que se criam juntos, estes terneiros exploram o ambiente do potreiro onde tudo é novo, grande e perigoso. Galinhas e patos dividem o espaço com eles e parecem não existir maior interesse uns pelos outros. Aprendem sozinhos qual o melhor pasto e qual o pior, a hora e o lugar de beberem água do açude, quando descansar ao sol ou na sombra de algum pinheiro, entram juntos para descansar no galpão e explorar o ambiente de sombra e frescor.

Momento do rebanho estar todo reunido

Pela manhã bem cedo, antes da ordenha, o berreiro é o tom do galpão. As vacas-mães são trazidas para a retirada do leite quando mães e filhotes se reconhecem pelo cheiro e sons dos berros. É uma hora de angústia e de expectativa para os terneiros que não devem entender qual o motivo de não poderem logo estarem chupando as tetas e sentindo o cheiro de suas mães, uma vez que os homens controlam uma porteira que permite que apenas um terneiro de cada vez tenha acesso a sua mãe. Também não compreendem por que deixam que mamem um pouco apenas em cada teto e depois são afastados e amarrados ao lado, longe do alcance do quente, doce e saboroso leite. Nunca saberão que este procedimento que os homens fazem, que chamam de apojo, é para fazer com que suas mães liberem o leite do úbere para que uma parte possa ser retirada para dentro de uma jarra de metal e levado embora. Finalmente são desamarrados e deixados para que se refestelem com o leite que sobrou, ficando juntos por algumas horas.

Depois da ordenha, o reencontro e convívio com vacas-mães e terneiros

Neste período de mais ou menos seis horas, os terneiros se misturam com as vacas e ficam ora mamando, ora brincando de correr e cabecear ou mesmo se deitam para descansar. O rebanho, assim todo reunido, constitui-se numa unidade familiar forte, tendo junto os dois touros, pais de todos estes pequenos quadrúpedes que, ao se desenvolverem mais, terão dois destinos: os touros serão castrados, marcados e vendidos para engorda; as fêmeas “boas” serão marcadas e passarão a integrar o plantel das vacas de cria da propriedade para começarem, depois de uns três anos, a produzir nova geração de terneiros. E o ciclo recomeça. Ao meio-dia os terneiros são novamente apartados de suas vacas-mães e devolvidos ao potreiro onde passarão o resto dia e noite, até recomeçar o ciclo no dia seguinte. Assim é um dia na vida dos terneiros em muitas fazendas aqui do Vale do Rio Silveira em São José dos Ausentes.   

 

 

logo retangular

Atenção:
É proibida a reprodução, total ou parcial, dos conteúdos e/ou fotos, sem prévia autorização do autor.