Blog Lagoa do Peixe

Parque Nacional da Lagoa do Peixe

 

Lagoa do Peixe num ponto da Trilha do Talhamar

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é um local que sugere abundância de peixes e outros organismos de água doce, como camarões, vermes e moluscos. E não é diferente. A planície costeira do Rio Grande do Sul é rica nestas lagoas rasas e o número delas chega a ser impressionante. De Torres ao Chuí, há um verdadeiro rosário de corpos alongados de água doce que acompanham mais ou menos a morfologia da costa. Tão importantes são estes alagados que em 1986 foi criada a Estação Ecológica do Taim, em áreas dos municípios de Rio Grande e Santa Vitoria do Palmar, uma grande área úmida extremamente importante para a fauna, principalmente a de aves migratórias. O Taim logo se transformou num lugar de estudos e de importância no cenário americano e internacional das migrações de inúmeras espécies de aves.

No mesmo ano, e pela importância ecológica relevante, foi criado o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, ao norte do Taim, abrangendo partes dos municípios de Tavares e Mostardas, na mesma linha litorânea. Juntas, estas duas unidades de conservação atuam protegendo fauna e flora, dando suporte para as rotas migratórias de dezenas de espécies de aves que se deslocam pelo continente americano de norte a sul e de sul a norte.

Maçarico-de-papo-vermelho em plumagem de repouso

Andar pela Lagoa do Peixe é uma experiência de amplidão, de infinito, de horizonte distante e retilíneo. Com a ausência quase total de morros na região, excetuando-se algumas dunas mais altas próximas da costa, o visual é de 180 graus para qualquer lado que se olhe. Impressiona o contraste do negro da lagoa com o branco das areias e o verde da vegetação. Colorindo tudo isso há bandos de flamingos com seu laranja avermelhado das penas que os tornam visíveis a distância. Os cisnes brancos e os de pescoço negro fazem o contraste com a água escura e parecem peças de brinquedo boiando em uma piscina gigante, sendo levadas para lá e para cá pelo vento. As grandes aves do local são o joão-grande, uma cegonha nativa com as pernas longas e adaptadas a viver nos banhados rasos, a garça-moura, a garça-branca-grande e o tachã, ave que pela onomatopéia do seu canto, deu o nome de Taim ao banhado mais ao sul.

Marreca piadeira lagoa dos patos 

O espetáculo de horizonte, sons e cores impressiona tanto que é necessário permanecer por ali muitos dias para que se possa ver, ouvir e sentir o cheiro de tudo e se integrar ao ambiente. Os bandos de centenas de maçaricos que fazem o sobrevoo no final da tarde bordam o horizonte de uma renda móvel e mutante que ora sobe, ora desce como se o vento se exibisse na forma de um fantasma negro de linhas finas. O grito dos tachãs no solo ou no céu, é forte e lembra uma batida de martelo numa bigorna, mantendo a última nota alongada. A sinfonia é impressionante e avista-se aves por todos os lados. Voando, caminhado ou nadando, caçando ou acasalando, solitárias ou em bandos de dezenas, até centenas de indivíduos. Se há um paraíso de céu, água e aves, ele fica na Lagoa do Peixe.

logo retangular

Atenção:
É proibida a reprodução, total ou parcial, dos conteúdos e/ou fotos, sem prévia autorização do autor.